Para que não se repita

'Não dá para apagar, mas dá para ressignificar', diz mãe da Kiss sobre memorial da UFSM

Foto : Lucas Amorelli (Diário)
Pedra fundamental foi lançada na terça-feira

Sob um pano azul, uma placa metálica instalada a uma pedra de basalto, com cerca de 80 cm de altura, estampava: Pedra Fundamental do Memorial da Vida. A estrutura oficializou o nome e simbolizou o lançamento daquele que deve ser um espaço de refúgio, contemplação e resguardo histórico em homenagem às vítimas da boate Kiss na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

A cerimônia emocionou familiares e reiterou, nos relatos de pais e mães de jovens que perderam a vida em 27 de janeiro de 2013, o desejo de que a tragédia não caia no esquecimento e celebre a vida de muitos sobreviventes.

_ Não dá para apagar algo tão doloroso, mas, dá para ressignificar algo dentro de cada um de nós - disse Aurea Flores, uma das mães presentes.

Momentos antes, Sergio da Silva, o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) foi enfático:

_ Além de memorizar os que não têm mais voz nessa tragédia imoral, temos que contar essa história, pois quem esconde seu passado não evolui.

Um tempo sem fim: documentário traz depoimentos de pais e sobreviventes

Conforme o professor Luis Guilherme Pippi, que coordena o Laboratório de Paisagismo e Arquitetura da universidade, órgão que encampou o projeto, o Memorial à vida reúne técnica, arte e diferentes saberes:

_ É um projeto delicado, em que eu e toda equipe nos entregamos de corpo e alma para atender ao desejo dos pais. Vejo com um marco, um dos projetos mais emblemáticos da história da UFSM, algo eterno.

Tragédia da boate Kiss, 5 anos depois

Contudo, para que a pedra fundamental agregue o restante da edificação, é preciso que sejam elaborados demais diretrizes e projetos elétricos e sanitários. Segundo reitor da UFSM, Paulo Afonso Burmann, isso deve ser finalizado no final deste ano, para, a partir daí, a Pró-Reitoria de Infraestrutura (Proinfa) abrir licitações para a construção do memorial. Ainda não há estimativa de prazos nem de valores, mas a obra será paga com o orçamento da universidade e demais apoiadores.

_ Estamos estudando uma forma de doações de outras instituições públicas e privadas. Esse memorial é mais uma homenagem, não quer competir com o que a AVTSM vem trabalhando muito bem. São propostas diferentes, uma forma de também acolher a todos e homenagear os 116 alunos (vítimas) que tinham vínculo com a universidade.


A ESTRUTURA
O projeto arquitetônico preliminar, elaborado por um grupo de seis estudantes vinculados ao Laboratório de Paisagismo e Arquitetura, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSM. A proposta prevê uma passarela rodeada por um espelho d'água com 242 esguichos, que dá acesso a um prédio com hall para exposições e salas multimídia, e um prédio, que conta com um terraço-jardim que funcionará como mirante para os morros da cidade e o Centro de Convenções. O prédio é idealizado em vidro e dará acesso a um monumento em formato de coração em meio a outro espelho d'água. No entorno da edificação, o projeto prevê a plantação de 242 espécies de árvores e uma arquibancada ao ar livre. Inspirado em parques como o Memorial do Vietnã, em Washington, e o Museu das Missões, em São Miguel das Missões, a ideia é que o local seja um espaço que celebre a vida, para contemplação, tranquilidade e contato com a natureza.

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